17.2.07

e se foi.

[ouça]

saiu para comprar um maço de cigarros e nunca mais voltou. não que houvesse algo de errado, tampouco algo novo.
de súbito foi tomada por aquele sentimento vazio que tantas vezes lhe provocou tremores súbitos. e o esquecimento era a arma mais eficaz para assassinar a angústia. como se sumir para os outros fosse sumir de si mesma - uma chance de ser outra.
não ingeriu álcool ou drogas. sua própria química a entorpecia, aquela dos hormônios e impulsos neurotransmissores.
através do vidro via as ondas enebriantes de um sábado de carnaval. o dia amarelado de calor, pouca roupa, álcool, sorrisos de uma alegria vazia.
tentava entender seu próprio inverno com um café amargo. talvez a verdadeira felicidade estivesse nos começos, e o esforço para manter aquele entusiasmo a tornava patética.
talvez procurasse mesmo essa coisa morna e reconfortante, mas os inícios realmente a fascinavam...
a cada gole, tentava ser um pouco mais autêntica, tentava buscar a fonte das traições contra si mesma. jurou nunca mais trair-se.
pintou o cabelo, vestiu novas roupas. pegou o primeiro trem para a solidão, e se foi.


***

***


4 comentários:

Anônimo disse...

"Oi , já 'éveim' ... "

:)

Alvaro Augusto disse...

As vezes tem momentos que queremos pegar o trem para descobrir se estamos no caminho certo das nossas decisões ou para solucionar nossos conflitos.

Parabens pelo texto!

Abs.

Unknown disse...

http://app.radio.musica.uol.com.br/radiouol/player/frameset.php?opcao=umamusica&nomeplaylist=000510-1_08

Anna Paula Stolf disse...

coisas :)